domingo, 27 de abril de 2008

Pecado: dizer não à Deus e aos irmãos

"Deus nos escolheu em Cristo antes da criação do mundo para sermos santos e irrepreensíveis diante de seus olhos. No Seu amor nos predestinou para sermos adotados como filhos Seus por Jesus Cristo, segundo o beneplácido de Sua livre vontade." (Ef 1,4-5)

Deus, desde o momento da criação, tem um plano de amor para toda a sua humanidade. Estamos neste mundo para que participemos da vida divina, para que desfrutemos do Seu Reino, para que vivamos no amor, enfim, para que nos realizamos como seres humanos. Contudo, Deus não fez sua obra completamente acabada. Ele não nos fez perfeitos, mas perfectíveis, ou seja, estamos a caminho de uma perfeição maior.

Essa perfeição maior somente poderá ser atingida se permanecermos em Deus e com Ele partilharmos o amor. Somente Deus pode nos fazer melhores. Sozinhos nada podemos, pois somos fracos e limitados. Em Deus tudo podemos, pois Ele é poderoso e ilimitado.

Porém, Deus fez o ser humano livre. Este, se quisesse crescer e tornar-se cada vez melhor, mais humano, mais realizado como pessoa, deveria escolher estar com Deus. Mas, desde o início, desde os seus primeiros pais, os seres humanos optaram por fechar-se em si mesmos. Fechados em si não podiam crescer, pois eram imperfeitos e permaneciam longe daqueles que era a Perfeição. Este pecado, o primeiro de todos, é o que chamamos de "Pecado Original".

Primeiramento é preciso melhorar os conceitos que possuímos sobre o Pecado Original. O Pecado de nossos primeiros pais não foi o simples fato de roubar um "fruto proibido"; foi mais do que isso. No Paraíso, que não poder ser entendido como um "lugar", mas um "estado de ser", a comunhão com Deus era perfeita. O ser humano podia crescer em Deus, tornando-se cada vez melhor. Porém, nossos primeiros pais, escolheram abandonar seu Criador. Não quiseram mais ouvir a voz de Deus que soava em seus corações. Auto-proclamaram-se donos de seu futuro, conhecerdores do que era o bem e o mal para si mesmos (cf. Gn 3,4). Deus não tinha mais vez no coração humano - homem e mulher tornaram-se deuses para si mesmos. Fechados em seu orgulho, os seres humanos caíram sempre mais e mais em seus erros. Imperfeitos e inacabados, não podiam mais crescer. Perderam a sua razão de ser, perderam a raiz de sua felicidade, pois escolheram estar longe de Deus (é esse o significado da "expulsão do Paraíso" - cf. Gn 3,23-24), perderam a harmonia que havia quando estavam em perfeita comunhão com Deus.

Todos os pecados subsequentes são praticados tendo como raiz primeira esse pecado de origem. Cada pecado humano é um auto-proclamar-se da pessoa como senhora de si para deixar Deus e seu projeto num plano inferior. Assim, pode-se dizer que qualquer ação que faça com que a pessoa esteja menos em comunhão com Deus é pecado.

Depois do Pecado Original, muitos atos humanos afastaram-nos mais ainda da perfeita comunhão com o Criador. Assim, criou-se uma estrutura de pecado - o mal impregnou-se em todos. Quando nascemos, somos inseridos nessa estrutura, nessa realidade que se opõe ao plano de Deus. Estamos em um ambiente de pecado, vivemos em uma estrutura de pecado que deve ser vencida a fim de que seja implantado o Reino de Deus.

Mas como saber se uma determinada ação afasta-nos de Deus? Nossa consciência unida às verdades reveladas por Cristo são os parâmetros para dizermos se uma atitude foi pecaminosa ou não. Quando falamos em atitude estamos falando de atos pensados e executados conscientemente. No entando, quanlquer ação consciente, quando feita fora do projeto de Deus, ou seja, desrespeitando a natureza humana, é pecado. E TODO PECADO AFETA A TODOS, POIS TODOS FORMAMOS UM SÓ CORPO. SOMOS INTERDEPENDENTES NO PROJETO DIVINO. CADA ATO HUMANO, SEJA ELE PECAMINOSO OU SANTO, INFLUENCIA TODOS OS DEMAIS SERES HUMANOS. SE SOMOS MAIS SANTOS, SANTIFICAMOS TODA HUMANIDADE CONOSCO, SE SOMOS PECADORES, DENEGRIMOS IGUALMENTE A TODOS. Em outras pelavras: se procuramos nossa santificação, levamos para o mesmo caminho - seja por exemplo, por influência direta ou indireta - muitos daqueles que estão ao nosso redor; o inverso também é verdadeiro: quando caminhamos para o pecado, influenciamos diretamente (e negativamente) aqueles que nos cercam, comprometendo-os para com o rompimento da harmonia buscada em Deus. O exemplo mais prático e mais fácil de visualizar é nos compararmos à uma rede de pesca, aonde cada um dos "nós" é uma pessoa, e todos estão interligados direta ou indiretamente através dos segmentos de linha: estando essa rede esticada, se um dos "nós" for puxado para baixo, aqueles que estão ao seu redor também seguem a mesma direção ainda que em diferentes intensidades; ao contrário, se um ou mais dos "nós" for puxado para cima os vizinhos próximos e também os mais distantes seguem o mesmo caminho, tendendo a subir.

"O pecado é uma falta contra a razão, a verdade, a consciência reta; é uma falta de amor verdadeiro, para com Deus e para com o próximo, por causa de um apego perverso a certos bens. Fere a natureza do homem e ofende a solidariedade humana. Foi definido como uma palavra, um ato ou um desejo contrário à lei eterna." (CIC 1849)

Um comentário:

Anônimo disse...

Excelente texto, André.

De fato, se buscarmos imitar a Cristo, mesmo que nunca consigamos, mas tenhamos a intenção (e ação ) pra isso, ah! certamente as coisas serão melhores. Um exemplo disso é que, tentando imitar a Cristo, já não nos agradará mais pecar.

Deus o abençoe.