quinta-feira, 29 de maio de 2008

Cristãos em Luto

Estamos de luto. Não só Católicos, mas todos cristãos estão de luto. Pelo menos aqueles que se consideram Cristãos, filhos de Deus, irmãos de Cristo, devem sentir-se assim.

O Brasil acaba de aprovar a Pena de Morte para os inocentes embriões humanos que estão condenados, a partir de agora, ao tubo de ensaio e todas as dores e sofrimentos que estes puderem lhe causar.

Negaram-lhes o céu, o sol e as estrelas, o mar, o riso, as lágrimas, o amor, o prazer e condenaram-lhes somente à dor.

E assim, está aberto o caminho para a pesquisa com embriões, justificando-se de que eles não são nada - são coisas; objetos inanimados que servem apenas para experimentos.

A partir de hoje centenas de milhares de pessoas estão impedidas de nascer, sem o direito à sua defesa - simplesmente condenadas ao tubo de ensaio - ; pior, estão condenadas à fornecer suas células - aquelas que formariam seus braços, pernas, pés, cérebros e qualquer órgão - para serem utilizados nas experiências que os cientistas decidirem se debruçar.

A humanidade segue para um triste caminho: o da insensibilidade, o da insensatez.

"Uma mentira repetida um milhão de vezes torna-se uma verdade", já dizia meu finado avô. Ele tinha razão. Ainda tem. Eu atrevo-me a remendá-lo: "uma barbaridade repetida um milhão de vezes torna-se uma banalidade".

Acostuma-se com a morte até banalizá-la; assim, a medida que as pessoas passam a achar comum matar, seja por qual motivo for, está aberto o caminho da insensatez: a morte justificada pela vida; matar para viver... e depois dizem que os obscurantistas somos nós! Tenha a Santa Paciência...

Com esse passo, abre-se o caminho largo em direção ao aborto indiscriminado, para então eliminar aqueles embriões "defeituosos" - portadores de síndromes, doenças complicadas, por vezes incuráveis, por outras vezes de tratamento despendiosos que comprometerá os orçamentos das empresas de seguro saúde; até chegarmos a produção de embriões puros, geneticamente impecáveis, sem doenças, brancos ou negros ou da cor que estiver "na moda", e vai por aí afora. Está aberta a temporada da produção do Homem Perfeito, a Raça Perfeita. Ariana? Branca? Amarela? Vermelha? Negra? Quem viver, verá!

Aqueles filmes de ficção científica começam a tomar corpo: a escolha do seu filho como se escolhe um vidro de palmitos numa gôndola de supermercado.

O controle de natalidade exageradamente severo - à custa do sacrifício de nascituros, abortos, etc, preferencialmente das mulheres pobres, já que essas é que estão expostas aos riscos das clínicas de aborto clandestinas. Além disso, a comida deve faltar (já estão anunciando) e as mesas dos poderosos não poderão ser diminuídas para alimentar os pobres e famintos da periferia; controla-se os nascimentos e gera-se renda através da compra de seus embriões e fetos sob o pretexto de alimentar as pesquisas científicas, que garantirão um futuro melhor para toda a humanidade.

Já as mulheres ricas, poderão fazer seu aborto sem esconder-se, pois este, uma vez legalizado, vai virar motivo de status; além de aumentar ainda a indiferença e a irresponsabilidade com o sexo casual.

O cortejar, que transformara-se no namorar, que era seguido do noivar (que atualmente está em desuso), transfigurou-se no ficar das gerações atuais(já caido em desuso), será sinônimo de "sexar", "carimbar", ou seja lá que nome será dado para as orgias indiscriminadas, daonde surgirão mais e mais material para sustentar a indústria científica.





Estou sendo muito cruel e duro nas palavras. Desculpe-me se ofendi alguém mais sensível. Mas o temor que me assombra, a visão de um futuro horrível que me vem à mente deixa-me indignado com a insensatez daqueles que poderiam mudar o curso desta história hedionda.

É possível que deste texto, deste desabafo, chovam muitas indignações, muitos adjetivos condenando-me, assim como já condenam a igreja Católica. Pouco me importa. O que tenho plena certeza é que não estou errado em minhas convicções. Por isso falo, escrevo e despejo tudo isso aqui.





A Igreja Católica está na mira, como sempre esteve. Continua. E, certamente, continuará, pois nossa convicção (que é contrária a de muitos) é eterna: a Verdade é uma só: aquela que Cristo ensinou e deixou para ser repassada geração após geração.

É moda dizer que "os católicos" são isso ou aquilo, como se "os católicos" fossem um bichão perigoso com sete cabeças, "perigoso ao progresso", uma doença contagiosa, um desejo de viver no escuro, ou sei lá o que mais fantasiam por aí. A verdade é que estamos no centro, na mira, no alvo.

Já fomos jogados aos leões, como seres doentes e perigosos, contaminantes e descartáveis, inferiores àqueles que se julgavam donos da verdade e donos do mundo: manipulavam os trouxas às custas de pão e circo (nós éramos a diversão do circo); deleitavam-se nas mais profundas orgias como se fosse esse o caminho verdadeiro e correto. E dá-lhe cristão enroscados nos dentes dos leões.

Obscurantistas, esses cristãos. Sim, lá dentro da goela do leão é obscuro...
muito obscuro!

Os donos do mundo perderam-se nas suas orgias e acabaram-se engolidos por eles próprios.

A Verdade permaneceu. Sobreviveu.

E assim seguiu a humanidade. Houve desvios dentro da própria Igreja? Sim, pois de homens ela é feita, e homens são criaturas imperfeitas. Mas nada que justifique qualquer acusação que desvalorize os objetivos nobres: a Igreja caminha sempre com o mesmo Norte, podendo errar por momentos, mas logo voltando aos trilhos.





Podem falar o que quiserem, mas o mundo está piorando a cada dia que se afasta mais e mais de Deus, de Cristo e seus ensinamentos. A cada dia que passa assistimos mais e mais: fomes, mortes, guerras, insegurança, corrupção, mentira, roubos, assassinatos horríveis, pais matando filhos e filhos assassinando pais, violências injustificadas, hedonismo, materialismo, doenças comportamentais, drogas, homosexualismo, etc. Tudo em detrimento do homem e da humanidade; o pior é que tudo é marketizado, vendido, embalado, e entregue ao consumidor como algo bom, algo que o progresso trouxe para melhorar a vida de todos, justificando-se: esses "desvios comportamentais" são apenas o "custo" do conforto para a maioria.

Assim também está sendo vendido a materialização da humanidade, a coisificação do homem. A Morte justificada pela tentativa de curar e trazer mais Vida.

Por mais que insistam na "obscuridade" dos católicos, é inegável que tudo o que pregamos em prol da paz, da fraternidade, da boa convivência, do respeito, do amor, e da vida está sendo combatido do modo mais perverso e enganador. E, o quanto mais mantiverem as pessoas hipnotizadas, sob o controle das falsas promessas mais fácil será dominá-las.





Se a família como unidade social estável fosse preservada, muitos dos atuais problemas sociais não existiriam; se os pais fossem respeitados pelos seus filhos dentro de seu núcleo familiar e pela sociedade toda, como autônomos em suas gestões, a violência seria comedida, os conceitos de vida e morte seriam claros, o respeito seria preservado, a vida seria mais simples e menos dolorida.

Mas não: ficou claro que, ao destruir o núcleo familiar, a sociedade se desmancha como o papel se dissolve na água; a família desestruturada: pais materialistas, individualistas, egoístas, promíscuos só podem deixar de herança para seus filhos o mesmo: ódio, insegurança, falta de limites, cultura da morte, hedonismo, corrupção, mentira, etc. O que sobra são seres humanos desprovidos de uma base psicológica que o sustente: são aqueles "limites" que tanto ouvimos falar que as crianças de hoje não tem. A falta dos tais limites, impõe ao ser humano em desenvolvimento uma insegurança enorme; ao mesmo tempo a falta de limites o expõe ao mundo precocemente, sem ter aprendido os mínimos valores sociais e culturais. Aí surgem os depredadores, violentos, reprimidos, tímidos ao extremo, inseguros e suicidas. Ou seja, um futuro desequilibrado para a sociedade em geral.

É certo que alguns núcleos permanecem... principalmente aqueles que cultivam valores cristãos - sejam católicos ou não. Também é certo que estamos diminuindo...

Assim, como a Igreja Católica tem "visualização", foi poderosa politicamente e cometeu erros no passado, é ela que vai para a forca agora.

Mas o orgulho, a insensatez, a vulgaridade que habita nas cabeças e corações de muitos homens impedem-los de enxergar o Mal crescendo e tomando conta do mundo.

Digam o que quiserem, mas destruindo a família, destruirão a humanidade.


E é contra tudo isso que devemos lutar.


Perdemos uma batalha, reconheço. Mas não perdemos a guerra... e, não tenham nenhuma dúvida de que estaremos mais fortemente armados para a próxima batalha desta guerra infinita.

NOTA DA CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL SOBRE A DECISÃO DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL

Quinta-feira, 29 de maio de 2008

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) lamenta a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que julgou a validade constitucional do artigo 5o e seus parágrafos da Lei de Biossegurança, n. 11.105/2005, que permite aos pesquisadores usarem, em pesquisas científicas e terapêuticas, os embriões criados a partir da fecundação in vitro e que estão congelados há mais de três anos em clínicas de fertilização.

A decisão do STF revelou uma grande divergência sobre a questão em julgamento, o que mostra que há ministros do Supremo que, nesse caso, têm posições éticas semelhantes à da CNBB. Portanto, não se trata de uma questão religiosa, mas de promoção e defesa da vida humana, desde a fecundação, em qualquer circunstância em que esta se encontra.

Reconhecer que o embrião é um ser humano desde o início do seu ciclo vital significa também constatar a sua extrema vulnerabilidade que exige o empenho nos confrontos de quem é fraco, uma atenção que deve ser garantida pela conduta ética dos cientistas e dos médicos, e de uma oportuna legislação nacional e internacional.

Sendo uma vida humana, segundo asseguram a embriologia e a biologia, o embrião humano tem direito à proteção do Estado. A circunstância de estar in vitro ou no útero materno não diminui e nem aumenta esse direito. É lamentável que o STF não tenha confirmado esse direito cristalino, permitindo que vidas humanas em estado embrionário sejam ceifadas.

No mundo inteiro, não há até hoje nenhum protocolo médico que autorize pesquisas científicas com células-tronco obtidas de embriões humanos em pessoas, por causa do alto risco de rejeição e de geração de teratomas.

Ao contrário do que tem sido veiculado e aceito pela opinião pública, as células-tronco embrionárias não são o remédio para a cura de todos os males. A alternativa mais viável para essas pesquisas científicas é a utilização de células-tronco adultas, retiradas do próprio paciente, que já beneficiam mais de 20 mil pessoas com diversos tipos de tratamento de doenças degenerativas.
Reafirmamos que o simples fato de estar na presença de um ser humano exige o pleno respeito à sua integridade e dignidade: todo comportamento que possa constituir uma ameaça ou uma ofensa aos direitos fundamentais da pessoa humana, primeiro de todos o direito à vida, é considerado gravemente imoral.

A CNBB continuará seu trabalho em favor da vida, desde a concepção até o seu declínio natural.

Brasília, 29 de maio de 2008.

Dom Geraldo Lyrio Rocha
Arcebispo de Mariana
Presidente da CNBB


Dom Luiz Soares Vieira
Arcebispo de Manaus
Vice-Presidente da CNBB


Dom Dimas Lara Barbosa
Bispo Auxiliar do Rio de Janeiro
Secretário-Geral da CNBB

quarta-feira, 14 de maio de 2008

Declaração de Brasília

Brasília, 5 de maio de 2008

Nós, cientistas, parlamentares, juristas e lideranças nacionais de movimentos em defesa da vida humana, desde o seu início, temos a declarar o que segue sobre o que tem sido denominado de “pesquisa com células-tronco embrionárias humanas”.

Com base na referida expressão, se designa uma linha de pesquisa científica que interrompe em caráter definitivo e irreversível o desenvolvimento do ciclo vital de seres humanos nos primeiros dias de sua existência, ou seja, que os destrói e os mata. Entendemos que o ser humano – em todas as fases de sua vida – não pode ser manipulado como um objeto ou coisa, dispondo-se de sua vida, não importando a finalidade alegada. O conhecimento científico, consolidado internacionalmente, apresenta vasta bibliografia da ciência médica, especialmente da embriologia, expressando claramente que a vida de cada indivíduo humano se inicia com a fecundação, quando um espermatozóide (a célula germinativa masculina), penetre no ovócito ou óvulo (a célula germinativa feminina), determinando o patrimônio genético de um novo e irrepetível indivíduo da espécie. A partir desse momento estão definidos o sexo, as tendências físicas e psicológicas de um novo indivíduo ou pessoa humana. A natureza e a dignidade humanas são indissociáveis dos seres humanos, que só podem resultar de células germinativas humanas – constatação óbvia, mas que parece ignorada por muitos. A natureza e a indissociável dignidade humanas ou estarão presentes desde o início, ou seja, desde a fecundação, ou não estarão presentes nunca. É necessário reconhecê-las desde o primeiro instante, e que permanecem até a morte do indivíduo ou pessoa, que, como confirma o ensinamento da ciência médica, tem um desenvolvimento gradual, progressivo, sem saltos nem “metamorfoses”. Tal processo não se interrompe com o nascimento e prossegue até o início da idade adulta. Pretender classificar os seres humanos, desconsiderando sua realidade biológica e humanidade, adotando critérios utilitaristas ou de “investimento acumulado”, parece contrariar não só os dados da natureza, como também os da cultura nacional, incluído o Direito, que desde os primeiros projetos de codificação civil pátrios, no século XIX, reconhece e protege o nascituro e seus direitos “desde a concepção”. O direito à vida é o primeiro e o pressuposto de exercício de todos os demais direitos.

Pretende-se contrapor a vida dos embriões congelados na data da promulgação da Lei de Biossegurança, nº 11.105, de 24 de março de 2005, à terapia e cura de muitos que padecem de doenças graves em nosso País. Não temos receio em afirmar com toda ênfase, que tal dilema é falso; como consta de texto divulgado por 57 cientistas norte-americanos, em 27 de outubro de 2004, bastante atual: “Baseado nas evidências disponíveis, ninguém pode predizer com certeza se as células-tronco embrionárias humanas, em alguma época, produzirão benefícios clínicos, e, muito menos, benefícios que não sejam obtidos por outros meios menos problemáticos do ponto de vista ético”.

Ao contrário do que tem sido veiculado e acriticamente aceito pela opinião pública, as células-tronco embrionárias não são a grande promessa para gerar terapias. Na verdade, são as células-tronco adultas que têm produzido expressivos resultados, que se apresentam ainda mais promissores depois do desenvolvimento da técnica de indução de pluripotencialidade em células adultas. Como o assunto envolve sofisticado conhecimento técnico, as pessoas ficam mais vulneráveis à manipulação da informação. Diante disso, faz-se necessário esclarecer alguns aspectos básicos, que passamos a expor muito sucintamente:

  1. As células-tronco embrionárias são, em tese, capazes de gerar todos os tipos celulares humanos (chama-se a isso pluripotência). Apenas em tese, pois isso é o que ocorre in vivo, no desenvolvimento normal e natural do organismo. Entretanto, não existem dados experimentais efetivos que garantam que o mesmo possa ser alcançado in vitro, ou seja, em laboratório, após a destruição e morte dos embriões, dos quais são extraídas suas células para fins de pesquisa. Mais ainda: em termos de terapia, após 10 anos de intensas pesquisas em muitos países com alto padrão de desenvolvimento científico e investimentos de centenas de milhões de dólares, não há nenhum protocolo aprovado com células-tronco embrionárias humanas para testes em pacientes, ou seja, as células-tronco embrionárias humanas, por apresentar graves riscos à vida e saúde dos pacientes, sequer podem ser testadas em seres humanos. No modelo animal, essas células têm resultado na formação de teratomas, rejeição, entre outros problemas graves, não havendo, portanto, segurança para que se iniciem experimentações em seres humanos.
  2. Muito do atual conhecimento sobre o desenvolvimento embrionário, em termos moleculares, advém de estudos feitos com embriões de animais de laboratório.
  3. Todos os resultados terapêuticos positivos em seres humanos veiculados pela mídia têm sido obtidos com o uso de células-tronco adultas multipotentes, extraídas da medula óssea, do cordão umbilical e de outros tecidos. Já há mais de 20.000 pacientes em tratamento clínico, envolvendo pelo menos 73 doenças diferentes, em geral com bons resultados para a qualidade de vida dos pacientes.
  4. No segundo semestre de 2007, dois importantes trabalhos científicos, um dos quais de um grupo norte-americano liderado pelo Dr. Thomson (o primeiro a obter uma linhagem de células-tronco embrionárias humanas) e outro, coordenado pelo Dr. Yamanaka, no Japão, mostraram a possibilidade de se obter, a partir de células adultas do próprio paciente, células-tronco humanas pluripotentes sem destruir o embrião. Estes estudos levaram Ian Wilmut, o “criador” da ovelha Dolly, e uma das autoridades líderes no processo de clonagem por transferência nuclear em células somáticas, a anunciar que ele e sua equipe estavam abandonando, por questões técnicas, a pesquisa em clonagem para fixar-se na investigação de reprogramação celular, que em suas palavras, apresenta “muito mais potencial”.
  5. As chamadas células pluripotentes induzidas (iPCs, sigla do inglês), são obtidas diretamente de células adultas, acrescentando-se um pequeno número de fatores nestas células em laboratório. Estes fatores remodelam as células maduras convertendo-as em células-tronco com características funcionais equivalentes às células obtidas de embrião. Esta técnica pode ser usada, por exemplo, para gerar linhagens específicas de células-tronco para pacientes com doenças genéticas.
  6. A reprogramação de células humanas é um dos achados científicos mais significativos da atualidade; mais importante do que a clonagem da ovelha Dolly. Como diz o próprio Ian Wilmut, a reprogramação direta é “extremamente animadora e surpreendente”. O poder da reprogramação direta é tal que gera células-tronco geneticamente iguais às do paciente doador ( a partir de células da pele, por exemplo). Ainda têm a grande vantagem de não serem rejeitadas e comprovadamente não gerarem tumores, de acordo com o recente anúncio de resultado positivo em experiência científica feito em publicação especializada pelo grupo coordenado pelo Dr. Yamanaka em fevereiro de 2008. No mesmo mês, foi apresentada uma significativa melhora no método de obtenção das células iPC, num encontro sobre células-tronco, em Nova York, por John Sundsmo, presidente da PrimeGen, Irvine, CA, EUA. De acordo com Sundsmo, células de pele, de rim e retina incorporaram partículas de carbono que transportavam em suas superfícies proteínas responsáveis pela transformação destas células em células pluripotentes, mais rapidamente e com eficiência muito maior, sem ricos de produzirem cânceres e sem haver manipulação genética. O processo está sendo patenteado. A nosso ver têm sido pouco divulgadas, ou mesmo negadas, informações tão relevantes à população em geral e aos portadores de doenças graves e suas famílias. Na falta da informação correta e precisa, luta-se pela liberação dos experimentos com células-tronco embrionárias humanas, muitas vezes desconhecendo o fato de que estas, até agora, somente foram injetadas em camundongos, gerando rejeição e, com freqüência, tumores, não podendo, portanto sequer serem testadas em seres humanos, em razão dos graves riscos à saúde e mesmo vida dos pacientes que isso poderia implicar.
  7. Manifestamos nossa solidariedade aos portadores das diversas doenças que podem ser tratadas com as células-tronco adultas, com a linha de pesquisa dos fatores celulares, que também já tem dado resultados positivos, ou com as novas células-tronco pluripotenciais induzidas (iPCs), quando estiverem em fase de teste clínico, o que, confiamos e esperamos, possivelmente não deverá demorar, beneficiando assim os pacientes e seus familiares.
  8. Colocamos-nos solidários, também, com as crianças resultantes de fecundação in vitro e suas famílias. Entendemos que o único destino dessas meninas e meninos, conforme sua intrínseca e inalienável dignidade humana, é o mesmo que motivou sua fecundação, ou seja, serem filhas ou filhos, inseridos em uma família. Deve se buscar, pois, condições e soluções para que prossigam o seu ciclo vital, mediante implantação no útero de suas mães biológicas, ou de outras que os acolham ou adotem. O tempo de congelamento não é empecilho para tal, como foi demonstrado recentemente por Vinícius, com oito meses de nascido, após oito anos de congelamento, acolhido no útero de sua mãe, Maria Roseli. Ele é uma das mais de 400 crianças nascidas, após haverem sido crioconservadas (congeladas) “a maioria acima de três anos de congelamento”, em uma só clínica de fertilização. Esclarece o médico responsável pela clínica: “É uma loucura falarem que embrião congelado há mais de três anos é inviável. E isso não tem nada a ver com religião. A viabilidade é um fato e ponto.” (Folha de S. Paulo, 9 de março de 2008, “O Bebê que Saiu do Frio”). Vinícius e outras crianças que estiveram congeladas por mais de três anos o demonstram claramente.

Sendo o Brasil um país que não dispõe de grandes recursos para aplicação em pesquisa, é crucial que sejam bem empregados. No que se refere à busca de terapias, certamente o campo das células-tronco adultas é já uma realidade, e muito mais promissor para o futuro, conforme reconhecido por grandes cientistas internacionais. Verifica-se, do que foi exposto, que o respeito à vida e à dignidade do ser humano, que deve informar toda a pesquisa científica, não está dissociado de resultados terapêuticos positivos, mas sim a ele associado.

Assinam a declaração:

Dra. Alice Teixeira Ferreira – Professora Associada de Biofísica da UNIFESP/EPM na área de Biologia Celular

Dra. Cláudia Maria de Castro Batista – Professora do Instituto de Ciências Biomédicas da UFRJ

Dr. Cláudio Fonteles – Subprocurador Geral da República

Prof. Hermes Rodrigues Nery –Comissão Diocesana em Defesa da Vida e Movimento Legislação e Vida da Diocese de Taubaté - SP

Dr. Humberto Leal Viera – Presidente da Associação Nacional Pró-Vida-Família

Jaime Ferreira Lopes – Assessor Parlamentar

Dra. Lenise Aparecida Martins Garcia - Professora do Departamento de Biologia Celular da Universidade de Brasília

Dep. Luiz Bassuma – Deputado Federal – BA

Marco Antonio G. Araújo – Assessor Parlamentar

Dra. Maria Dolly Guimarães – Presidente da Federação Paulista dos Movimentos em Defesa da Vida de SP

Dep. Miguel Martini – Deputado Federal - MG

Dr. Paulo Fernando Melo Costa – Assessor Parlamentar

Dr. Paulo Silveira da Silva Martins Leão Junior – Presidente da União de Juristas Católicos do RJ

Dra. Renata Braga Klevenhusen - Coordenadora Adjunta do Programa de Pós-graduação em Direito da Universidade Estácio de Sá

Susy Gomes – Assessora Parlamentar

Dep. Dr. Talmir Rodrigues – Deputado Federal - SP

domingo, 11 de maio de 2008

Viva a Vida!!!

A vida humana é bela e formosa. É sagrada. Como pode nascer da união de duas minúsculas células algo tão completo e perfeito como o ser humano? Só não percebe quem não quer: a pureza e a grandiosidade desta transformação de duas “meias” células em um ser vivo dotado de uma inteligência crescente e que ganha sua autonomia enquanto se desenvolve, aprendendo tudo até poder desenvolver os mais complexos teoremas sobre o mundo e a própria vida.
Discutir o momento em que se inicia a vida em si é algo deveras mesquinho e interesseiro, que só pode estar a serviço do desejo de dominação sobre a vida de outrem.
O zigoto, antes de ser embrião, é autônomo desde quando surge, pois seu desenvolvimento acontece independente do desejo de quem o abriga; precisa sim de um local ideal e condições mínimas para se desenvolver da mesma forma como todos nós precisamos de um ambiente com um mínimo de suporte vital para sobrevivermos e nos desenvolvermos. É certo que o ser humano tem uma capacidade de adaptação imensa, mas que também é diferente a cada fase de sua vida e essas condições são também limitantes para a existência da vida. E cada um de nós é autônomo no que diz respeito à nossa vontade de viver, à nossa disposição de adaptarmo-nos ao ambiente que nos inserimos. Assim também é o embrião (ou zigoto, ou mórula, ou blástula, ou qualquer nome que se dê a qualquer fase em que esteja esse novo ser humano).
A vida que se desenvolve no útero de uma mulher não lhe pertence. Por mais que ela tenha tido lá sua responsabilidade na geração deste novo ser humano, ela não pode dispor dele da forma que lhe convier; ao contrário, é eternamente responsável por aquele que ela gerou. A responsabilidade sobre um ser não lhe confere o poder de determinar-lhe seu destino.
Os úteros de aluguéis que surgem e passam a ser alternativa para solucionar as dificuldades financeiras de uns e as dificuldades biológicas de outros mostram bem essa situação da autonomia do embrião: ele desenvolve-se na “mãe de aluguel”, mas não lhe pertence. Assim como em todas as gestações, o embrião é autônomo. Ele precisa apenas ser acolhido e alimentado para se desenvolver.
As alegações mesquinhas para justificar um o aborto, por mais diversa que ela seja, são todas de origem não humana: nem mesmo um animal pode ser tão frio e calculista para sacrificar seu próprio filho em prol de uma condição melhor de vida para si e os que o cercam. Com os animais é diferente: só se reproduzem quando estão em condições físicas para poder trazer um novo ser à vida; caso a fêmea não esteja em condições, não entrará no cio e a reprodução não acontece. O Homem pode decidir: reproduzir-se ou não é apenas uma conseqüência do ato num momento específico, e que somente a mulher pode conhecê-lo.
Dos mais diversos motivos alegados para justificar um aborto, não há um que se sustente: anencefalia, estupro, risco de vida para a mãe, gravidez não desejada, idade da mãe – seja muito nova ou muito velha – enfim, qualquer que seja o motivo, a principal razão é sempre um desejo de auto-preservação em prol de um outro ser humano que não pediu para estar ali; ao contrário, foi “convidado” a participar da vida e em um certo momento, resolveram “desconvidá-lo”.
É nossa responsabilidade, como pais, educadores e membros da sociedade, vivendo nas nossas comunidades e nos relacionando com diversas pessoas de outros círculos sociais, levar esse conhecimento, as suas causas e suas conseqüências, valorizar a vida, puxar a responsabilidade que existe dentro de cada um e trazê-la a tona, para o dia a dia de todos, criando um senso comum da necessidade que devemos ter de preservar a vida. A vida Humana. Sim, assim como nos preocupamos com os pássaros, as focas e baleias, as árvores da Amazônia e de uma forma geral, com a natureza e a ecologia, devemos muito mais preservar a espécie humana, da forma mais humana possível: combater a injustiça, a matança indiscriminada, a indiferença entre as pessoas, o sentido comunitário, a partilha, enfim, valores que são nobres para a vida humana, para a vivência em comunidade, e para a preservação do maior presente que poderíamos ter: a nossa própria vida.

quarta-feira, 7 de maio de 2008

Uma vitória da Vida...

BRASÍLIA - A Comissão de Seguridade Social e Família da Câmara rejeitou hoje por unanimidade, com o voto de 33 deputados, o projeto de legalização do aborto, que tramitava desde 1991. Irritados com a manobra que permitiu a votação do parecer do deputado Jorge Tadeu Mudalen (DEM-SP) contra a legalização, os defensores do projeto de lei se retiraram da reunião. Grupos pró e contra o aborto acompanharam a sessão. Agora, o projeto será votado na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), onde a tendência é de nova rejeição.
Pelo parecer aprovado, fica mantido o artigo do Código Penal que prevê pena de um a três anos de prisão para a mulher que praticar aborto. As exceções são para casos de estupro ou de gravidez de alto risco para a mãe. "A votação na comissão foi um reflexo da vontade popular. Agora o governo tem que pensar em políticas de saúde pública, de planejamento. Mas ficou claro que a lei deve ficar como está", disse Mudalen depois da votação. O deputado lembrou que foram feitas três audiências públicas para discutir o assunto. O ministro da Saúde, José Gomes Temporão, que no ano passado provocou polêmica ao dizer que o aborto é uma problema "de saúde pública" evitou o debate na Comissão de Seguridade e, nas audiências, foi representado por assessores.
Defensora da legalização do aborto, a deputada Cida Diogo (PT-RJ) lamentou que o assunto "tenha sido discutido pela ótica fundamentalista e da religiosidade". "Pessoalmente sou contra o aborto, mas também sou contra prender uma mulher que faça a opção pelo aborto. Além da decisão dolorosa e muitas vezes solitária, ela não tem condição de ser atendida no sistema público e ainda corre o risco de ser presa. É hipócrita pensar só em concepções fundamentalistas e religiosas e não pensar nessa mulher", afirmou.
O deputado Neucimar Fraga (PR-ES), que votou contra a legalização, comemorou a manutenção da lei como está. "As exceções da lei são o máximo que a gente pode aceitar", afirmou. Se o processo for rejeitado na CCJ da Câmara, será arquivado. Se for aprovado, será levado ao plenário da Câmara. "Vamos trabalhar para que a CCJ aprove, embora a correlação na comissão não seja favorável a esse tipo de projeto", reconhece Cida Diogo.