sexta-feira, 13 de novembro de 2009
Sabedoria
quinta-feira, 5 de novembro de 2009
A Morte é Passagem
domingo, 30 de agosto de 2009
Ser Santo
Ser Santo
O que é ser Santo?
Dentre diversos padrões criados para chegar à santificação, acredito em outros também. Ter uma vida honesta, honrar os pais, providenciar para si mesmo uma vida reta e segui-la, constituir uma família e viver por ela, manter princípios morais, educar os filhos em todos os sentidos e, também como parte da educação, ser um exemplo para seus descendentes.
Assim foi meu pai.
Meu pai nos deixou na madrugada do último sábado. Deixou-nos fisicamente... seu corpo não resistiu aos vírus, bactérias que tanto o incomodaram nos últimos meses. Seu organismo lutou intensamente, bravamente até o último instante. Assim com meu pai foi um lutador durante toda a sua vida, seu organismo também o foi. Não desistiu um instante sequer. Não cedeu um milímetro daquilo que ele sempre acreditou e viveu: nem seu corpo, nem sua alma, nem seu espírito. Manteve seus princípios éticos e morais até o último instante de sua vida.
Certamente foi seduzido por inúmeras vezes em sua vida, pela vida fácil, pela soberba, pelo materialismo, por padrões amorais e incorretos. Assim também as bactérias e vírus assediaram-no muitas vezes, mas ele nunca cedeu.
Foi vencido na última batalha dessa grande guerra? Não, certamente que não. As bactérias tomaram seu substrato material, que, ao contrário do que possam pensar, vai intoxicá-las e destruí-las invariavelmente durante os próximos dias. Seu corpo era material, apenas um meio pelo qual seu verdadeiro eu, sua bondosa alma, seu espírito de luz vivera durante os últimos setenta e cinco anos, distribuindo carisma, construindo um caráter exemplarmente inabalável.
Choramos pela perda da presença material, mas alegramo-nos pela sobrevivência espiritual. E ele, indubitavelmente, nos conduzirá ainda pelo resto de nossas vidas. De agora em diante, observando-nos de outro ângulo, e conduzindo-nos sempre que puder, intercedendo ao Criador por nossas vidas, sempre que isso for permitido.
Aqui, ao nosso lado, percebíamos sua presença física. Questionamo-lo inúmeras vezes sobre nossas dúvidas, agonias e ansiedades, e ouvimos seus sábios conselhos, suas orientações infalíveis, seu olhar amoroso, seu carinho disfarçado, sua providencial presença, suas preocupações sobre nossas vidas e nossos destinos.
Agora chegou a hora de seguirmos adiante sozinhos, mas acompanhados. Sozinhos fisicamente, olhando o mundo muito mais atentamente do que o percebíamos antes, e aplicarmos tudo aquilo que ele nos ensinou através de seu exemplo de ser. Teremos a certeza de que ele nunca nos abandonou; ao contrário, estará mais presente do que nunca, conduzindo-nos lá de cima, cuidando para que continuemos a ser como ele, e assim possamos ensinar e educar nossos filhos como ele o fez conosco. Padrões éticos, morais, cristãos, fé, perseverança, alegria, preocupação, providencial, amoroso, carinhoso a seu modo, intelectual, e tantas outras qualificações que o descreviam como o modelo de caminho à perfeição, modelo a seguir para, quando chegar nosso momento, termos também a certeza de que nossa missão terrena se cumpriu e que seguiremos também ao seu encontrou, junto ao Pai Eterno.
Pai, o Sr. fará muita falta. Mas o Sr. também nos preparou para enfrentar essa falta.
Esperamos ter aprendido.
Londrina, 29/08/2009.
sexta-feira, 14 de agosto de 2009
Lenda Norueguesa
terça-feira, 26 de maio de 2009
Decepção
Há trinta anos atrás, vivíamos sob um estado ditador. A democracia ainda era um sonho. Assim como a ditadura estava presente em toda a vida, tudo era ditado, tudo era policiado, tudo era controlado. Não podíamos falar o que quiséssemos, não podiamos atender as nossas vontades; tudo era dirigido, tudo era mandado e obedecido. Os pais tinham a força opressora e a palavra final. Aos filhos, restavam-lhes obedecer. Nas escolas, a mão de ferro dominava: os professores com seus controles, suas ameaças e coagindo os pupilos indefesos. Não conhecíamos ainda o vídeo cassete, mal assistíamos programas ao vivo – a maioria era vídeo tape, a censura escolhia aquilo que podíamos ou não ver. As músicas soavam do toca discos ou dos radinhos a pilha. Quando a saudade batia mandávamos uma carta ou aguardávamos as linhas disponíveis do interurbano. Computador, internet, correio eletrônico... nem pensar!
Mas, nada disso perdurou. Ou quase nada.
A tecnologia modernizou tudo. Ou quase tudo. A democracia chegou, trouxe a liberdade de expressão, a censura caiu, as famílias ficaram mais abertas, as opiniões afloraram e o diálogo triunfou. A televisão modernizou, veio o VCR, e em seguida o DVD que já está indo embora; os radinhos à pilha deram espaço aos aparelhos 3 em 1 e foram miniaturizados para mp3 e ipods; os computadores vieram para ficar, trazendo toda uma vida digital a tona; a internet com seus correios eletrônicos instantâneos diminuíram as distâncias e aproximaram as pessoas.
Mas nem tudo mudou.
Constatar, vinte e cinco anos depois, que o ensino continua medíocre é uma decepção muito grande. O ensino primário, ginasial e colegial que tornaram-se infantil, fundamental e médio até que apresentaram modificações significativas, incorporando conhecimentos e tecnologias, alterando o modo como se ensina as crianças e os jovens. Pelo menos, nas escolas particulares, aquele método tradicional já caiu há anos, dando espaço para a modernidade e novas formas que acompanham o mundo como um todo.
Pena que a universidade não acompanhou. Medíocre como era, mas antes fazia parte de um contexto e assim, por isso mesmo, tinha sua razão de ser assim. Enquanto trocamos e-mails, pesquisamos pela internet, lemos artigos atualíssimos publicados segundos antes de termos conhecimento, assistimos aulas de professores incompetentes, atrasados, mais chegados aos costumes ditatoriais do passado do que a uma possibilidade – ainda que remota – de modenizar-se.
Aqueles professores que utilizam a lista de chamada para manter quorum em suas classes; outros que ameaçam os alunos com o tradicional “isso vai cair na prova”, ou pior: “vocês vão ver só o resultados nas suas notas”... provocando náuseas em quem tem que aturar esses retrógrados, incompetentes e incapazes, que só restam-lhes a ameaça, a coação e a repressão como arma de auto afirmar-se na sua incompetência medíocre.
Não sei qual a saída desse sistema apodrecido. Mas é muito frustrante querer adquirir novos horizontes, novos saberes e procurar a universidade para tal e descobrir que, depois de um quarto de século, o sistema piorou, apodreceu e está largado no campo, para os vermes devorarem até o caroço.
Resta a curiosidade e ser autodidata para procurar o saber em fontes mais modernas. Esquecer a universidade e deixá-la para trás, porque desta que existe, nada mais resta a fazer. Não adianta mudarem os currículos, criarem disciplinas, procurarem novos cursos com nomes atuais, se não mudarem os mestres, aqueles responsáveis pela transmissão dos conhecimentos, mas mestres verdadeiros que o sejam por amor a camisa e não porque almejam sua aposentadoria; não incrementarem com novos métodos de ensino, que tornem o aprender um prazer e não uma forma de coagir e reprimir o aluno; procurar novas tecnologias, investir de verdade no ensino e no saber.
O absurdo dos absurdos é visto na universidade: o Brasil realmente é a terra da pirataria: um xerox copiando títulos inteiros, abertamente, para quem quiser ver e comprar... e os cientistas e doutores que forem formados por esta mesma instituição, chorarão seus direitos autorais nas máquinas xerográficas num ciclo estéril e injusto. Como ensinar ética quando na porta está o arrombo da própria? Como ensinar advogados a combaterem os crimes se a própria instituição os estimula? Como estimular os pensadores quando os próprios mestres corrompem com seu ganha-pão? Como ensinar sociologia, quando a instituição é desumana para com os sociólogos? Como ensinar responsabilidade social quando a irresponsabilidade habita em todos os setores?
É claro e óbvio que existem exceções. E honrosas exceções, pois são os valentes que impedem o apodrecimento total. Meu sincero reconhecimento à esses heróis. Pena que sejam poucos. Valentes e perseverantes, mas ainda poucos... idealistas e persistentes, mas ainda assim... poucos! A luta é eterna... como a batalha do cristão: sabemos que aqui não triunfaremos, pois nosso triunfo está além desse mundo. Ainda assim, não podemos desanimar e nunca desistir de nossas batalhas diárias...
Mais triste ainda é ver que loucos e insanos, os pobres estudantes do Ensino Médioentornam aos montes, descabelando-se num vestibular injusto para, como prêmio de conquistá-lo, receberem um ensino deficiente, uma estrutura gasta e defasada, um sistema precário e mentalidades perdidas no tempo.
Eu, que queria ver a luz dos conhecimentos, novos caminhos e novas esperanças, dentro da universidade, percebo que estou perdendo meu precioso tempo, repetindo uma história que já vivi na minha vida e achei que nunca mais ninguém teria que vivê-la. Pena dos nossos jovens, dos meus filhos que terão que enfrentá-la por pura falta de opção. Quanta mediocridade. Quanto desperdício de inteligência, de oportunidades, de progresso, de vida, de saber e de esperanças...
domingo, 22 de março de 2009
Refletindo sobre o direito ao aborto
O erro mais comum e observado dentre a maioria daqueles que defendem o aborto é a defesa do direito à propriedade do seu corpo, tornando o feto “parte” do seu corpo.
Um braço é parte de um corpo, portanto, um braço é propriedade deste corpo. Assim, se o proprietário decide descartar seu braço, lhe será permitido (embora possa não ser aceito ou não compreendido seus motivos), mas nenhuma culpa lhe é imputada, já que ele é dono e pode fazer e desfazer daquilo que lhe pertence. O braço, por ser parte do todo, não é e nunca será capaz de permanecer vivo ou manter-se vivo fora do seu corpo. Ele pode permanecer utilizável, desde que adequadamente conservado; para que seus tecidos possam ser reutilizados ou reaproveitados. Mas um braço não tem autonomia e nem nunca conseguirá autonomia de sobrevivência, por mais tempo que permaneça junto do seu corpo de origem antes de ser amputado.
Se o indivíduo, proprietário de seu corpo e sua vida, resolve dar cabo da mesma, é seu direito. É livre para fazer e desfazer daquilo que é seu, é de sua propriedade. Não afetando fisicamente seus pares e semelhantes, o direito lhe é conferido em sua totalidade. As conseqüências deste fato afetarão tão e somente o próprio indivíduo. É claro que, havendo envolvimento emocional outros sofrerão. Mas não é disso que tratamos aqui.
Um feto, ao contrário, não lhe pertence. É independente. É um ser vivo que, embora não tenha autonomia durante certo tempo, terá em breve. Desde o momento da união dos gametas, surgiu um ser que conquista uma crescente autonomia a cada dia que passa, até que se tornará independente daqueles que lhe deram a vida. Se assim o é, não podemos considerá-lo uma mera parte de um todo, um apêndice que pode ser disposto ao sabor dos desejos daquele que se acha seu dono – e que, na verdade, apenas é um hospedeiro para que esse novo ser conquiste sua autonomia. Neste momento, quando é apenas um hóspede do corpo em que foi gerado, não pode ser tratado como um simples pedaço de carne que incomoda e que pode ser dispensado. "Estar hóspede" não lhe confere a obrigação de "ser propriedade" de alguém.
Sobre abortos...
"Os vossos filhos não são vossos filhos,
são filhos e filhas do apelo à própria vida.
Vêm por meio de vós, mas não são propriedade vossa.
Embora estejam convosco,
não vos pertencem.
Vós podeis dar-lhes o vosso amor,
mas não os vossos pensamentos,
porque eles têm os seus próprios pensamentos.
Vós podeis acolher os seus corpos,
mas não as suas almas,
pois as suas suas almas habitam a casa do amanhã,
que vós não podeis visitar
nem mesmo nos vossos sonhos.
Vós podeis fazer esforço para serdes como eles,
mas não tenteis torná-los iguais a vós,
porque a vida não anda para trás
nem se retarda como o ontem.
Vós sois arcos através dos quais
os vossos filhos são projectados como flechas vivas.
Que a sua mira pela mão do Arqueiro
seja para a alegria."
Kahlil Gibran
domingo, 15 de março de 2009
Comodismo – uma arte para fracos, preguiçosos e covardes
É muito mais:
- cômodo separar-se, do que enfrentar a dificuldade do perdão incondicional, retomar suas vidas e reconstruir um relacionamento. Construir já não é fácil; reconstruir a partir de ruínas é muito mais difícil. Mas não é impossível.
- cômodo praticar o sexo sem responsabilidade, principalmente se é homem, e, atualmente também para as mulheres com a facilidade (e até legalidade) do recurso aborto (pílulas do dia seguinte, etc.).
- fácil abortar, pois o feto, indefeso, nada pode em sua defesa e em seu favor. É muito mais fácil escapar da responsabilidade de assumir seus atos, fugindo pela tangente, dizendo que o filho não é seu, que a mulher que deveria ter se cuidado, que a única saída agora é o aborto. No calor do relacionamento (se é que teve algum calor), ninguém pensa em seus atos, ninguém se sente responsável por aquilo que faz em nome do prazer fugaz, instantâneo, da beleza da rapidez e da falta de comprometimento. Se houver alguma conseqüência, encara-se quando ela acontecer, da forma mais fácil e mais inconseqüente de resolvê-la.
Oras, digo a todos vocês:
- poucos são aqueles que têm coragem de assumir uma paternidade ou de encarar uma gravidez em defesa do inocente que foi gerado por ambos. Se ele tivesse uma voz, uma forma de se defender, o que ele diria? “Pai, mãe, me perdoem por ter chegado a momento inoportuno, mas preservem minha vida, pois sou incapaz de fazê-lo sozinho”.
- poucos são aqueles que têm coragem de dizer: eu perdôo suas inconseqüências em nome da promessa que fiz no altar, diante de Deus Pai. Volta para casa, vamos reconstruir nossa vida, pelos nossos filhos, por nossos votos, pelo simples fato de assumirmos integralmente a responsabilidade daquilo que nos comprometemos.
Mas não:
- procura-se sempre o caminho mais curto e mais fácil, doa a quem doer. Nasceu, mata-se, se não dá certo, separo-me. O saldo? Entre mortos e feridos, a destruição da família, a destruição de sonhos, a destruição da sociedade. Tudo em prol do prazer rápido e fácil, do consumismo doentio, transformando vidas e sentimentos em mercadorias banais, a venda ou distribuição em qualquer esquina.